No II Simpósio de Saúde Planetária de Porto Alegre realizado em 2018 foi divulgado que Porto Alegre não tinha um sistema de monitoração da poluição do ar desde 2014.
Em resposta a essa constatação em novembro de 2018 um grupo de cidadãos e cientistas começou a desenvolver um projeto de construção de monitores de poluição de ar para Porto Alegre. Participaram do grupo representantes das instituições de ensino que organizaram o Simpósio, Grupo Hospitalar Conceição, UFRGS, UFCSPA e UCS e associaram-se pessoas da sociedade civil: fundamentalmente um grupo de cidadãos indignados e preocupados que resolveu se reunir e buscar soluções.
A primeira reunião de um pequeno grupo ocorreu na Escola de Engenharia da UFRGS, com a presença do seu diretor o Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho que mostrou o sistema de monitores já implantado dentro da Escola que os ajudou a identificar o alto grau de poluição dentro das salas de aula em determinados períodos do dia. Os monitores enviam as medições por Wi-Fi a computadores que realizam análises que podem ser enviadas à rede em tempo real. O Prof. Luiz Carlos mostrou-nos que o sistema tinha o potencial de ser utilizado na cidade.
A segunda reunião, com um grupo maior incluindo professores das áreas da saúde e engenharia ocorreu já com a presença do engenheiro responsável pela construção dos monitores da escola, o doutorando Ivan Boesing (gerando a spin off Upsensor). O grupo, com a participação dos professores Enrique Falceto de Barros e Claudia Rohden com experiência internacional no assunto, conseguiu definir as diretrizes do projeto que vinha sendo construído gradativamente. Definiu-se que o objetivo a alcançar pelo Projeto denominado Porto Ar Alegre era o de coordenar, organizar e implantar junto ao Município e entidades da sociedade civil de Porto Alegre projetos, atividades e ações relativas ao monitoramento da qualidade do ar e a conscientização dos males trazidos pela poluição atmosférica, estimulando a adesão municipal a parâmetros de qualidade mínima do ar (segundo os padrões da OMS) para reduzir a morbimortalidade por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer em Porto Alegre.
Fez-se um primeiro movimento de levar o projeto para a reunião de coordenação do Pacto Alegre da Prefeitura Municipal, mas ficou evidente que o processo de desenvolvimento seria demorado. O grupo então optou por definir e executar um plano piloto de monitoração para demonstrar que é realizável a monitoração e a transmissão dos dados em tempo real para serem acessíveis aos especialistas e à população em geral.
Cinco monitores foram construídos graças a uma coleta entre amigos, custando em torno de R$ 1100,00 cada um. O grupo definiu que deviam ser colocados preferencialmente junto a Unidades Básicas de Saúde espalhadas pela cidade. O intuito foi de além de tornar viável a instalação e os cuidados do monitor, iniciar alguns estudos de associação entre a qualidade do ar e as condições de saúde nessas cinco regiões de Porto Alegre.
Já estão colocados os monitores e funcionando, com transmissão por internet dos níveis de poluição por um app em regime experimental. Os cinco locais são: UBS Costa e Silva (Rua Dante Ângelo Pilla, 373), UBS Santa Cecília (Rua São Manoel, 543), UFCSPA (Rua Sarmento Leite, 245), UBS Diretor Pestana (Rua Dona Teodora, 1016) e UBS Restinga (Rua Abolição, 850), estas últimas pertencentes à Secretaria Municipal da Saúde.
Com os resultados concretos dessa primeira etapa de execução do projeto pretendemos sensibilizar o poder público em relação à viabilidade, a custo relativamente baixo, da colocação de monitores de qualidade do ar que nos permitam conhecer o ar que respiramos e suas consequências para a saúde da população, a saúde de cada um de nós.
Mapa de Sensores - Índice de Qualidade do Ar
Índice de qualidade do ar
O PM NowCast é calculado a partir das 12 horas mais recentes dos dados de monitoramento de MP, mas o NowCast considera as horas mais recentes dos dados com mais intensidade do que uma média comum de 12 horas quando os níveis de poluentes estão mudando. O PM NowCast é usado no lugar de uma concentração média de MP de 24 horas no cálculo do AQI até que um dia inteiro de concentrações horárias tenha sido monitorado.
O Índice de qualidade do ar (IQA) é um indicador padronizado do nível de poluição do ar numa determinada zona, e resulta de uma média calculada para cada indicador. Normalmente são medidas as concentrações ozônio, material particulado ao nível do solo, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio. Utilizamos neste projeto os parâmetros da agência americana de proteção ambiental (EPA).
O índice é dividido nas seguintes categorias, com diferentes níveis de impactos na saúde:
- Bom (0-50)
A qualidade do ar é satisfatória e apresenta pouco ou nenhum risco para a saúde da população.
- Moderado (51-100)
Quem deve se preocupar ? Grupos sensíveis, ou seja, pessoas com doença cardíaca ou pulmonar, idosos, crianças e adolescentes.
Grupos sensíveis: considere diminuir exercício intenso ou prolongado. Fiquem atentos ao surgimento de tosse ou falta de ar. Estes são sinais de que devem diminuir a atividade.
Todos os demais: é um dia bom para praticar atividades ao ar livre.
- Potencial Insalubre (101-150)
Quem deve se preocupar ? Grupos sensíveis.
Recomendação: reduzam exercício intenso ou prolongado. Pode-se fazer atividades ao ar livre, mas façam mais pausas e exercício menos intenso. Fiquem atentos ao surgimento de tosse ou falta de ar. Pessoas com asma: sigam seu plano de ação contra a asma e mantenham medicação de alívio à mão. Pessoas com doença cardíaca: sintomas como palpitações, falta de ar ou fadiga intensa podem indicar um problema sério. Façam contato com seu médico ou serviço de saúde.
- Insalubre (151-200)
Quem deve se preocupar ? Todos.
Grupos sensíveis: evitem exercício pesado ou prolongado. Transfiram a atividade para ambiente fechado ou para um dia com melhor qualidade de ar.
Todos os demais: reduzam exercício intenso ou prolongado. Façam mais pausas durante todas as atividades ao ar livre.
- Muito insalubre (201-300)
Quem deve se preocupar ? Todos.
Grupos sensíveis: evitem toda atividade física ao ar livre. Transfiram atividades para ambiente fechado ou para um dia com melhor qualidade de ar.
Todos os demais: evitem exercício intenso ou prolongado. Transfiram a atividade para ambiente fechado ou para um dia com melhor qualidade de ar.
- Perigo (301-500)
Quem deve se preocupar ? Todos.
Todos: Evitem toda atividade física ao ar livre.
Grupos sensíveis: mantenham-se em ambiente fechado e com pouca atividade física. Sigam orientações sobre como manter o nível de material particulado baixo em ambientes fechado.
Mapa de Sensores - Índice de Calor
Índice de Calor
O índice de calor visa determinar o efeito da umidade relativa sobre a temperatura aparente do ar. Em outras palavras, é uma medida para definir qual a intensidade do calor que uma pessoa sente, variando em função da temperatura e da umidade do ar. Humanos têm o suor como mecanismo de perda de calor, evaporando com o calor da pele, e assim reduzindo sua temperatura. A água em forma de vapor, pairando no ar, reduz a taxa de evaporação do suor da pele, e assim faz com que uma pessoa sinta mais calor em um ambiente com umidade relativa elevada do que outra pessoa em um ambiente seco de mesma temperatura.
Perguntas e Respostas
O que os sensores estão medindo neste momento?
Material particulado PM 2.5, material particulado PM 10, temperatura e umidade.
Qual o objetivo?
É projeto piloto para identificar hotspots (pontos de grande concentração) de poluição do ar (geograficamente e temporalmente). O objetivo é fornecer informações para os cidadãos.
Como posso me engajar?
Entre em contato conosco através deste formulário.
Estão à venda?
Por enquanto não.
Posso colocar no meu bairro?
Estamos em busca de financiamento: patrocinadores, crowdfunding, etc, para confecção de novos equipamentos
Posso colocar os meus sensores na visualização?
Sim, em breve haverá uma ficha de interesse para preenchimento. Logo após deve-se aguardar a resposta do comitê técnico.