O que líderes de empresas tradicionais podem aprender com startups?

Paulo Deitos

Por Paulo Deitos - Empreende em fintechs há 6 anos, co-fundou e liderou uma plataforma de crowdfunding imobiliário. Co-fundador e diretor da ABFintechs e ex-presidente da Aliança Fintech Iberoamericana. Atuou ativamente na formulação da instrução CVM 588 e 626. Atualmente é sócio-fundador da Cap Table e Cap Rate.

 

Empresas tradicionais são frequentemente desafiadas por soluções propostas por startups. Vimos isso ocorrer no mundo das fintechs, tornando ultrapassadas soluções oferecidas por bancos tradicionais e em muitas outras áreas de mercado. A tendência é que cada vez mais os processos ágeis e que resolvem problemas dos usuários, característicos das startups, tomem mais espaço na vida dos clientes. Mas será que há uma maneira de aprender com as startups e revitalizar uma empresa tradicional?

Muitos usam a expressão "transformação digital" para nomear essa série de práticas que podem ser adotadas pelas empresas tradicionais e assim adaptar-se às novas demandas dos clientes. O termo é conhecido por executivos de qualquer nível de empresas tradicionais e até mesmo temido por causa das ameaças que as ofertas disruptivas das startups oferecem.

Os entraves para adaptar-se são muitos, empresas tradicionais normalmente já possuem estruturas engessadas, cultura formada e sua gestão é baseada em anos de operação. Enquanto isso, startups criam a sua cultura em meio à inovação e colaboração. Além disso, a empresa tradicional já possui longos relacionamentos com seus clientes, entende seus concorrentes e o mercado em que está inserida. Ela opera de uma posição de conforto, podendo se dar ao luxo de planejar para o longo e médio prazos. A startup, ao contrário, testa frequentemente novos modelos de negócios, buscando por soluções mais baratas e melhores que as existentes.

A dificuldade de mobilizar grandes times, característicos das grandes empresas, a correr riscos e buscar pelo novo é um dos maiores empecilhos. Mudar a maneira de pensar para encarar desafios como, por exemplo, lidar com a operação simultaneamente à transformação, é essencial. Ou seja, garantir que resultados e compromissos de curto prazo sejam cumpridos ao mesmo tempo que desenvolve novos modelos, antecipando-se aos concorrentes.

Há uma tendência em corporações tradicionais a olhar para dentro. Não atendo-se à concorrência e outras soluções que podem ser melhores que as oferecidas pela empresa. Por focar-se excessivamente naquilo que já conhece, a inovação acaba sendo penalizada, gerando produtos e serviços que sempre parecem mais do mesmo. Então, quais são alguns caminhos que podem ser tomados para renovar uma empresa tradicional?

Não ter medo de repensar a organização, avaliando como pode ser possível criar um ambiente colaborativo que instigue a inovação, como fazer que os colaboradores se engajem em busca de um propósito comum, sem focar necessariamente no curto prazo ou recompensas instantâneas.

Investir em educação, para poder conhecer as principais tecnologias passíveis de implementação em sua empresa, buscando entender seu potencial e quais as medidas necessárias para poder implementá-las. É importante incluir nesse passo os conselhos de administração, que são frequentemente compostos por pessoas com pensamento mais tradicional e que acabam atrasando as transformações.

Buscar sempre reavaliar a estratégia para que se encontre mudanças que tenham potencial exponencial de mudança e não lineares. É necessário mudar a maneira de pensar e, com essa nova perspectiva, planejar a operação. É fundamental conhecer e implementar metodologias ágeis.

Participar do ecossistema de inovação é sem dúvida uma maneira de reciclar seus conhecimentos, ter contato com novas ideias e renovar a cultura de sua empresa. Uma das melhores formas de aprender é estar conectado com esse mercado. Com essa conexão, além da possibilidade de ganhos financeiros, há muitos aprendizados e insights únicos do mercado de inovação. Investir em startups é uma das maneiras mais proveitosas de criar essa conexão e plataformas como a CapTable democratizam o acesso a esse tipo de investimento. 


 

Paulo Deitos