Após uma semana de intensos debates sobre o futuro de Porto Alegre, incluindo a participação em um evento que apontou caminhos para o Centro+, o consultor espanhol Josep Piqué se reuniu com a equipe da Secretaria Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos (Smpae), pasta responsável pela coordenação dos trabalhos. O encontro, realizado na noite dessa quinta-feira, 2, marcou o início da atuação do especialista em revitalização urbana como consultor do programa de revitalização do Centro Histórico da Capital.
O secretário Cezar Schirmer abriu a reunião abordando a divisão do Centro Histórico em três setores (comercial, residencial e institucional) e em eixos operacionais descentralizados – assim como o calendário de fases dividido em curto, médio e longo prazos. Essa estruturação, de acordo com os técnicos da secretaria, permitirá trabalhar simultaneamente iniciativas de diferentes proporções ao mesmo tempo em que se estabelecerá um processo sequenciado de projetos estruturantes.
Para o secretário, a união entre a expertise internacional de Piqué e o conhecimento que a Prefeitura de Porto Alegre possui sobre a realidade do Centro Histórico aumenta a possibilidade de sucesso da iniciativa. “O trabalho de Piqué no distrito 22@, em Barcelona, é uma inspiração para todos que pretendem inserir as suas cidades no contexto da transformação urbana baseada na inovação. Estamos muito felizes em poder contar com a sua ajuda”, afirmou.
Primeiros apontamentos – Piqué citou exemplos de Barcelona, como a recuperação de prédios antigos e desocupados que foram convertidos em espaços chamados "fábricas de criação", locais que oferecem serviços ligados à música, teatro, dança e diversas outras atividades culturais. “O Centro+ é uma oportunidade concreta de transformar a região, de impulsionar indústrias criativas e tornar o Centro Histórico um espaço onde a cultura é criada e compartilhada com o resto da cidade”, avalia.
Outro ponto salientado foi a mobilidade urbana. De acordo com o consultor, é necessário que haja complementaridade entre os modais oferecidos, para que uma pessoa possa ir de um ponto a outro fazendo uso de diferentes serviços sem que a experiência seja prejudicada. "O conceito de cidade de 15 minutos vem pautando discussões em diversos centro urbanos, como Barcelona e Paris. Esse conceito passa também pela aposta em modais alternativos e pela construção de um ambiente urbano que torne menos complicado andar a pé ou de bicicleta."
Presente na reunião, o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Jorge Audy, salientou a necessidade de apostar no potencial de alocação de atividades 24/7 (24 horas por dia, sete dias na semana) existente no bairro. Audy citou como exemplos de possíveis parceiros e investidores as instituições financeiras existentes na região, atores que possuem iniciativas voltadas à inovação e, muitas vezes, abrigam esses projetos em parques tecnológicos de universidades ou ambientes com logística inferior ao Centro Histórico.
"Não se pode condenar a cidade a ter zonas que estão no século XXI e outras que ainda possuem aspectos dos séculos passados. O desafio está em oferecer isso enquanto política pública. É preciso estabelecer o diálogo com todos os setores produtivos e oferecer o bairro como uma opção", pontua.
A partir de agora, os técnicos da Smpae atualizarão Piqué sobre o andamento do Centro+. Os trabalhos ocorrerão por meio de reuniões virtuais e temáticas, que discutirão a melhor abordagem para cada setor do Centro Histórico, de acordo com os eixos operacionais do programa.
O Centro+ – Programa prioritário de governo, pactuado no Plano Plurianual 2022-2025. A inciativa, desenvolvida e coordenada pela Secretaria Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, pretende redesenhar a governança das ações promovidas na área, estabelecendo a gestão centralizada de coordenação e eixos descentralizados de execução. O programa prevê atuação forte em questões como segurança pública, infraestrutura, fiscalização, desenvolvimento econômico, zeladoria, mobilidade e preservação do patrimônio histórico, além de intervenções para fomentar o turismo e a cultura local.
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