A matriz econômica do RS

Rafael Prikladnicki
Rafael Prikladnicki - Diretor do Tecnopuc - Artigo veiculado na Zero Hora de 07/02/2020

 

Antes de iniciar esta pequena reflexão, um esclarecimento: eu não sou economista. Mas não tem como olhar para notícias recentes sem reconhecer que, do ponto de vista de empreendedorismo e inovação, estamos aos poucos diversificando a matriz econômica do nosso Estado. Há praticamente um ano, o secretário Lamb, da Secretaria Estadual da Inovação, Ciência e Tecnologia disse que para que a inovação tenha mais força na economia, “a evolução da matriz econômica do Rio Grande do Sul passa pela compreensão da sociedade sobre o significado e a importância da inovação e do conhecimento, bases da economia do século 21.”

 

E os números começam a aparecer. O Rio Grande do Sul entrou em 2020 como o terceiro Estado com maior número de startups no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). São 922 startups gaúchas, atrás de Minas Gerais (1,1 mil) e São Paulo (3.817). Porto Alegre aparece como a quarta capital da lista, com 551 startups. A inovação começa a cada vez mais fazer parte do nosso dia a dia, contribuindo com a economia e com a geração de emprego.  

Outra evidência: em publicação neste mês de Fevereiro na revista da FAPESP (uma instituição pública estadual de fomento à pesquisa do governo do estado de SP), o Rio Grande do Sul apareceu em segundo lugar no Indicador Composto Estadual de Inovação (Icei), atrás apenas de São Paulo. Este ranking avalia a robustez dos sistemas de ciência, tecnologia e inovação dos Estados brasileiros. 

O que explica esse resultado? Na minha visão, a constatação de que vivemos um novo momento. Mais colaborativo, mais articulado, com visão e propósitos compartilhados. E necessário para mudar a realidade e melhorar a qualidade de vida da nossa sociedade. Reflexo direto disso constatamos, por exemplo, ao ler uma coluna do jornalista Tulio Milman ao final de 2019 em que ele comenta sobre o poder da convergência entre universidades, iniciativa privada, poder público e demais atores que compõem um  cenário altamente positivo para atrair parcerias e projetos para a cidade de Porto Alegre. Somos todos parte disso. Precisamos todos ser parte disso. Ações como a Aliança para a Inovação, o Pacto Alegre, o Inova RS, além de movimentos da sociedade como o POA Inquieta, a Hélice Inovação em Caxias do Sul, Pro-Move Lajeado, materializam este novo momento. 

 

Tudo isso é animador, mas precisa ser apenas o começo. A evolução da matriz econômica do Rio Grande do Sul passa sim pela compreensão da sociedade sobre o significado e a importância da inovação e do conhecimento. E por entender que juntos podemos de fato começar a transformar nossa região em um lugar melhor para se viver.